Sempre que um paciente se consulta comigo e parece arredio a praticar exercícios, peço para que olhe a placa na porta, onde está escrito “medicina do exercício e da atividade física”.
Mas existem momentos para dar uma freada. Muitas vezes no curso ou na recuperação de viroses. Faz muito tempo que sabemos que viroses podem causar inflamação no coração, quase sempre passageira. A Covid é uma delas. Mas num percentual pequeno de casos.
Entre os efeitos da COVID-19 no coração, temos:
miocardite induzida por vírus, que pode resultar em disfunção cardíaca, arritmias e até morte. Pacientes em fase aguda de COVID-19, que se exercitam, podem potencialmente acelerar a replicação viral, aumentando assim a necrose celular e um substrato miocárdico pró-arrítmico instável. Por isso, recomenda-se que os pacientes evitem exercícios durante a infecção ativa.
O retorno ao exercício após a miocardite deve ser abordado com cautela, pois a miocardite é responsável por 7-20% das mortes cardíacas súbitas (MSC) em jovens atletas. Diante dessa informação, aqueles com presumível miocardite relacionada ao COVID-19 também devem evitar exercícios durante a fase aguda da doença.
Recomendações para retorno ao exercício e esporte após a recuperação:
Consulte-se com um cardiologista, que irá pedir, se necessário, exames que atestem a volta da função cardíaca normal.
Volte aos poucos. Sem exageros.
Os indivíduos que apresentaram apenas sintomas leves a moderados (não foram hospitalizados nem tiveram problemas cardíacos) devem ser capazes de retomar os exercícios em intensidade moderada. Recomenda-se começar a aumentar a intensidade ou a duração lentamente e aumentar gradualmente até os níveis pré-COVID-19, estando sempre atento a quaisquer alterações ou novos sintomas cardiovasculares.